Hoje vivemos num mundo de consumismo desenfreado onde tudo é momentâneo, tudo é fugaz. Tudo vira produto a ser vendido. Imaginem que até coisas intangiveis como símbolos e seus significados tornam-se produtos.
Uma faixa preta em karatê. O significado dela é óbvio, trata-se de um distintivo, uma marca de graduação. Como objetos, desde que as artes marciais se disseminaram pelo mundo, passaram a ser vendidas em diferentes marcas, mas nunca antes se vendeu o que vinha por trás da faixa, nunca se pôde vender o que a faixa simboliza.
Uma faixa preta simboliza um determinado estágio de aprendizado, é como um diploma universitário, que precede pós-graduações, mestrados, doutorados e por aí vai. Com o tempo de treino a faixa vai se desgastando, perdendo a cor preta e se acinzentando. O desgaste vai aumentando e ela começa a perder a parte externa do tecido que outrora foi preto, expondo a parte interna, totalmente branca. No fim a faixa deixa de ser preta e retorna ao branco.
Isso simbolizava o fim de um círculo, o amadurecemento. Agora não mais. As empresas que produzem estas faixas criaram tecidos mais frágeis, tintas mais sensíveis ao efeito do suor e com isso a faixa perde a cor mais rapidamente. Com isso o que se levava anos para se conseguir, aparece em muito pouco tempo.
Agora eu me pergunto o que mais falta virar produto? No fim das contas é até compreensível uma vez que hoje em dia se valoriza muito a imagem, o parecer ser, e não o processo de obtenção. Como as coisas devem ser compradas, digeridas e descartadas rapidamente, não há mais tempo para aprender realmente.
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