Estamos normalmente tão imersos em nossas rotinas que as atitudes se tornam automáticas, indo de encontro muitas vezes, inclusive, aos princípios norteadores da ética pessoal pelos quais tentamos pautar nossas atitudes.
A condição urbana é tão marcante, que mesmo quando tentamos articular comportamentos que sejam menos destrutivos e mais harmônicos com o meio ambiente, nos surpreendemos com atitudes francamente paradoxais a esses pensamentos.
Sábado pela manhã estava no Senac, esperando minha comandante-em-chefe. O ambiente é dos mais interessantes, com árvores e pássaros convivendo com a arquitetura do prédio sem problemas. Enquanto esperava, resolvi ler o livro 'Formação e Imformação Ambiental: Jornalismo Para Leigos e Iniciados', que é um compêndio de textos organizado por Sérgio Vilas Boas (ao mesmo tempo eu escutava Madredeus em meu mp3). Tudo muito bom, tudo muito adequado quando de repente um pássaro, que eu descobri ser uma espécie de pássaro que canta de forma barulhenta como cantam as Arapongas, começou a sua serenata poderosa e incansável. Pronto, foi o bastante para esse pseudo ambientalista com ares intelectuais esquecer todos os seus valores e desejar uma atiradeira para acertar o póbre pássaro, que indiferente cantava sem parar.
O pior foi que quando tomei ciência de meus pensamentos tão incoerentes, comecei a sondar o ambiente de forma mais apurada e percebi que antes o som dos carros que passavam não me incomodava, mas o canto do passaro que adaptado à vida urbana cantava numa mistura de buzina de automóvel com som de pneu murchando ( se é que isso é possível) atrapalhava meu raciocínio, ou melhor, me arrancava do clima etéreo provocado pela música do Madredeus. Dá para acreditar? Se ao menos eu estivesse escutando Rogério Skylab com sua antológica canção Matador de Passarinhos...
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