Me disseram que dia desses passou uma matéria num jornal local que falava do dia do perdão. Não a vi, portanto não sei se a dita falava exatamente do Yon Kippur, um dos mais importantes dias do calendário judeu, mas fiquei com alguns pensamentos na cabeça.
Perdão... pois é, se dizem que perdoar é divino, me ocorre uma coisa: não perdoar seria demoníaco? Essa dicotomia tão comum, essa separação entre o que é bom e o que é mal é a base da educação da civilização ocidental judaico-cristã. Todas as civilizações necessitam de valores, de uma moral norteadora das atitudes aceitas socialmente para que os indivíduos se enquadrem em sociedade. O problema é que esse conjunto de valores é muitas vezes uma forma de castração, dependendo da cultura em questão. Mas como esse assunto é muito complexo e eu não estou com paciência agora, então vamos as velhas banalidades desse blog.
Perdoar tem muito a ver com a memória. Eventos muito traumáticos não saem da memória tão facilmente. Os mais leves, somem rapidinho. Eu tenho uma capacidade infinita para perdoar... os meus próprios erros, é claro. Infelizmente minha namorada não tem essa mesma qualidade, ela não consegue perdoar nenhuma das minhas mancadas, acredito que pelo fato da memória dela ser perfeita.
A existência desse blog se deve em muito a minha memória não ser essa maravilha, e muitas coisas acabarem se perdendo na loucura e correria do dia-a-dia. Sendo assim, antes que esqueça, esta seria a hora perfeita para pedir perdão publicamente por todos os erros que cometi em minha vida, exceto por uma razão: não tenho a menor intenção de me penitenciar por nada que fiz, nessa vida, pois sou o que sou justamente pela soma dos meus erros e acertos.
No Yon Kippur, parte do processo é justamente separar que tipos de erros pode se pedir perdão. Existem os erros contra o homem e os erros contra Deus. Não se pode pedir perdão a Deus sem antes ter sido perdoado pelo homem. Sendo assim, quando eu estiver no inferno, tomando whisky numa festa com Jim, Janis e Jimi, eu poderei quem sabe até pedir perdão para alguém, mas somente para aqueles que eu encontrar de passagem entre uma farra infernal e outra e apenas e tão somente em em troca do meu perdão aos erros por eles cometidos.
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