domingo, 21 de dezembro de 2008

Informação é poder

Informação é poder. Certamente já ouviram isso, e não há verdade maior. Tanto no que tange as possibilidades de crescimento pessoal quanto na possibilidade de transformar o meio social em que o indivíduo está inserido. Nesse sentido, não sei se é a maturidade tardia ou sei lá o que, mas comecei a tomar mais cuidado com o que falo e escrevo, pois apesar de realmente acreditar que devemos nos expor nesse mundo, exercendo a responsabilidade que temos de influenciar e transformar com nossas mentes e ações o mundo que percebemos injusto, finalmente percebi que o que se fala pode ser interpretado ou utilizado de formas bem diferentes da que imaginamos.

Vou contar uma história que serve de exemplo. No fim dos anos 80, inicio dos 90, o mundo havia sofrido transformaçãoes muito marcantes. Em 89 caiu o Muro de Berlin, o que representou o fim do Comunismo e a vitória do Capitalismo. Era o fim da Guerra Fria, e o início de um novo capítulo da história mundial mesmo que alguns tenham apregoado o Fim da História, coisa que não concordo e não sei realmente se entendi direito. Naquela época eu tinha uns 15 para 16 anos e embora estivesse ciente de alguns destes fatos através dos noticiários, não tinha a noção exata da importância daquele momento. Bom, mas eu vivia minha vida, estudando, treinando karatê, ouvindo minhas bandas favoritas, lendo, vendo Tv, jogando video-game hehehe.

Então um fato estranho na cidade em que eu vivia me chamou a atenção. Um louco desvairado, psicopata-piromaníaco qualquer (pois existem muitos por aí à solta) havia atirado duas bombas incendiárias num clube da cidade, sem conseguir causar grandes estragos materiais. Achei muito estranho e preocupante, pois uma semana antes, na escola, numa dessas conversas que garotos têm a toda hora sobre filmes, mulheres, diversão, etc... alguém perguntou o que era o tal coquetel molotov que alguém nesse filme em questão tinha usado. Todo metido a besta e ingênuo, para mostrar que sabia, contei o que era e não satisfeito, ainda contei detalhes do processo de montagem do dito coquetel, pois já tinha visto várias vezes isso no cinema.

Imagine a minha surpresa ao saber das bombas. Naquela época, imaturo e inconseqüente, e apesar de ser totalmente contra qualquer ato de terrorismo e violência, não dei a devida atenção ao ocorrido. Hoje, vendo o que se pode encontrar por ai na internet e o que a garotada anda fazendo, finalmente percebi o potencial que essas informações tem na sociedade. É possível aprender qualquer coisa na internet, o que torna a coisa extremamente perigosa. Não estou aqui defendendo qualquer tipo de censura, despertei para isso quando minha irmã falava que não se podia deixar minha sobrinha de 6 anos no computador sem supervisão, pois ela já sabia utilizar a internet e poderia encontrar coisas que não são adequadas a idade dela.

Dá para imaginar o efeito que um texto pode ter na cabeça de alguém com a personalidade ainda em formação? Essa é justamente a importância a que me referia, do potencial educador e ao mesmo tempo destrutivo de nossas ações no mundo. Acredito que se deva continuar agindo, informando, influenciando, educando, mas com consciência ética e certo controle, pois mesmo com as melhores intenções cada palavra escrita ou falada tem potencial criativo ou destrutivo, muitas vezes além da nossa compreensão.

Um comentário:

Alan B. Nogueira disse...

Muito bom texto Abel. Excesso de informações pode ser mesmo uma dádiva ou uma maldição. Mas penso que está mais na qualidade do receptor, mas não deixa de ser preocupante como nós, aqueles garotos dos anos 90 adoraríamos ter na época acesso a tanta informação e hoje quem tem não a aproveita direito ou aproveita de modo errôneo.
O texto ainda trouxe uma certa melancolia, esses dias eu comentava o assombro que foi para mim a queda do Muro de Berlim, nesses tempos de informações rápidas e descartáveis ninguém entendeu o motivo de tanta catárse.

Abraços. Feliz Yule ou Solsticio de Inverno (no norte, onde se comemora o Yule)